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segunda-feira, 4 de março de 2013

Coração partido

Andava a adiar a tarefa até que hoje teve mesmo de ser. Tenho uma prima grávida de uma menina que me pediu se lhe podia 'emprestar' a roupa da Maria, e que passava cá ainda esta semana.  Fui ao roupeiro da minha filha, peguei na caixa onde guardo religiosamente as roupinhas que lhe vão deixando de servir, coloquei-a em cima da cama e comecei a selecção da roupa que lhe poderia emprestar. Começo a hesitar muito, faço duas pilhas de roupa e sob vários pretextos vou seleccionando a pouca roupa que lhe vou apresentar. Ou porque a menina dela nasce em pleno verão e já não vai vestir algumas das roupas, ou porque aquele fatinho é especial para mim e não me consigo desfazer dele, ou porque ela pode estragar, porque posso nunca mais voltar a ver aquele vestidinho, porque me pode sair o euromilhões a curtíssimo prazo e posso querer ter outro filho... Conjecturas ridículas e uma verdadeira tortura!! Não pensei que fosse tão difícil desfazer-me das roupinhas da minha bebé, e agora que pego nelas de novo, as lembranças, a saudade. Ainda não foi assim há tanto tempo. Na verdade ainda nem sequer foi há tempo suficiente para me conseguir desligar desta primeira fase da vida dela. A Maria faz hoje dez meses, está quase a fazer um ano... mas ainda é uma bebé. Guardei a roupa toda do Martim até ele ter uns quatro ou cinco anos e depois dei tudo. Mas ele já estava noutra fase, a viver em pleno outra etapa, a escolinha, os amigos... A Maria ainda está comigo em casa. É uma bebé ainda. É muito cedo. É muito cedo, repito no meu interior. E depois sinto vergonha porque no fundo são apenas roupas que ela já não vai usar e que podem dar muito jeito a quem delas precisa. Ai vida vida.